terça-feira, 22 de setembro de 2015

O DEUS QUE ADORAMOS



    Uma verdade religiosa só se dá quando é resultado de uma experiência subjetiva dentro de qualquer contexto religioso. Essa experiência religiosa deve ser dotada de uma verdade tão pessoal que apenas o ser experiente a compreende. Um instante de experiência vivido que apenas a pessoa pode se valer, não podendo este ser dividido com mais ninguém, a não ser servir como um parâmetro objetivo, como um alvo para outrem alcançar. Nesse contexto, devemos perceber que independente da nomenclatura, a função da religião é restabelecer a conexão do ser com o sagrado.
     Dentro das tradições iorubanas, Deus, o Criador de tudo, Senhor dos Senhores, é um ser tamanha elevação que, de maneira complexa, há uma rede labiríntica de acesso. Há algo de inacessível no criador de todos os seres, vendo de maneira externa à religião. Destarte, podemos perceber que a criação de entidade e seres, favorece a existência de agentes cooperadores da organização de todo o universo (Multiverso). Deus, ou Olódùmarè ou ainda Olórun, ou Olófin tem como agente os Orixás que, são responsáveis por toda a dinâmica da vida e suas mínimas estruturas.
     Assim, o Deus que cremos, acreditamos, adoramos e louvamos é o mesmo Deus de todas as outras religiões ou tradições, sem sofismas ou egocentrismo cultural, no que cerne a superioridade. É o mesmo Senhor, apenas chamado de nome diferente, louvado de maneira diferente das demais tradições. Oba N’la.
Em suma, percebe-se que o Orixá é a conexão do ser humano com a natureza e a pureza da Criação. Adoramos essas entidades que, abaixo da hierarquia Divina, nos banham de maternidade e paternidade, lições do bem viver, moral e ética, e alegrias.
     O que nos diferencia é que comemos, bebemos, abraçamos e tocamos nossos deuses, que se manifestam em nossos irmãos, de maneira a nos possibilitar a concretude da fé. E essa é a mágica da cultura africana, como um todo. A possibilidade. A visão. O tato, o toque. A lágrima e a satisfação de ver a fé em movimento, nos acalantando e segurando sempre que possível.




Tatto Barros