É muito difícil falar de candomblé,
visto que se trata de uma tradição expressamente oral e aprendida diariamente
na convivência em comunidade, nas funções
religiosas. A função religiosa é todo preparativo ritualístico ou não que
torna possível a existência do candomblé e sua apresentação à sociedade, seja a
sociedade correligionária ou mesmo a civil, não pertencente, de maneira
iniciática à religião.
A história não está ligada ao homem, nem a
qualquer objecto em particular. Consiste inteiramente no seu método; a
experiência comprova que ele é indispensável para inventariar a integralidade
dos elementos de uma estrutura qualquer, humana ou não humana. Longe portanto
de a pesquisa da inteligibilidade resultar na história como o seu ponto de
chegada, é a história que serve de ponto de partida para toda a busca de
inteligibilidade. Assim como se diz de certas carreiras, a história leva a
tudo, mas contanto que se saia dela.
Claude
Lévi-Strauss, in “La Pensée Sauvage (1962)
Para Strauss (1962), a história por si só não está
ligada ao homem, talvez pelo fato dela ser associada ao relato unicamente, ou
estabelecer um parâmetro temporal e se preocupar com o método. Assim, quando se
escreve, se relata, historicamente. É a partir da história que se ressalva
aquilo que aconteceu, a forma que aconteceu e como foi o sentimento no
ocorrido. Entretanto, para seu biógrafo, Denis Bertholet, Strauss tem em sua
obra um enfoque que se debruça sobre o homem e sua construção, dissociando e
associando o indivíduo à sua obra, com fusão e com fissão. Produto e produtor.
Esse é o papel da Antropologia. Encontrar a si mesmo dentro dos padrões culturais
e analisá-los dessa forma. Talvez o que haja de mais verdadeiro seja toda essa
subjetividade envolvida no viver.
No
caso do candomblé, a sua história ritualística é acabada, ou seja, está construída
e respaldada, entretanto o aprendizado de tudo (ritual, dança, língua, canto,
comidas...) se dá de acordo com o tempo e vivência, numa ode a senescência,
como já descrito neste blog. Assim, quando eu falo sobre a religião,
represento, com ou sem autorização, todos os meus ancestrais, sendo eu digno ou
não de tal fato. Outrossim, estou sobre o julgamento dos meus iguais ou
superiores. Isso porque a tradição é oral e vivida, não registrada.
Resumidamente,
falar sobre candomblé é falar sobre resistência, história, vivencia e segredos.
Assim as barreiras são tantas e
tamanhas. Cada palavra deve ser medida a fim de não destruir ou manchar o nome
dos ancestrais da pessoa que fala. Nem pôr o que foi dito em situação de dúvida
ou efeito falacioso.
Bibliografia:
https://www.comunidadeculturaearte.com/as-teorias-e-conceitos-de-claude-levi-strauss/
https://www.britannica.com/biography/Claude-Levi-Strauss
https://www.terra.com.br/noticias/mundo/europa/saiba-mais-sobre-levi-strauss-o-pai-da-antropologia-moderna,004d43e78784b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html
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